sábado, 27 de julho de 2013

Welcome to the jungle


Antes de conquistar o sucesso com "Ace Ventura: Um Detetive Diferente" (Ace Ventura: Pet Detective  / 1994), Jim Carrey enveredou por filmes de qualidade duvidosa e realizou inúmeros shows de comédia stand-up.

Mas a sua curta participação em "Dirty Harry na Lista Negra" (The Dead Pool / 1988) merece destaque. No papel de Johnny Squares, um roqueiro drogado que participa de um filme produzido e dirigido por Peter Swan (Liam Neeson), o ator canadense interpreta "Welcome to the Jungle", da banda "Guns N' Roses", como se fosse o próprio cantor da música e consegue arrancar boas risadas.

Já os membros da banda (Axl Rose, Slash, Duff McKagan, Steven Adler e Izzy Stradlin), que na época faziam sucesso com seu primeiro álbum "Appetite for Destruction", aparecem em duas cenas: No porto, durante a gravação de um filme, e durante o enterro de Johnny Squares. Slash aparece, inclusive, com seu tradicional chapéu.

Por fim, Jim Carrey aparece nos créditos finais com seu verdadeiro nome: James Carrey.

domingo, 21 de julho de 2013

Béla


Originado no famoso livro de Bram Stocker e produzido pela Universal Studios, Drácula (Dracula / 1931) conseguiu se transformar em um dos maiores clássicos de terror da história sem precisar se valer, acredite, dos dentes afiados, de violência ou sangue.

Tal resultado foi obtido graças a cuidadosa direção de Tod Browning e do poder de sedução do húngaro Béla Lugosi, que nessa época não falava uma palavra em inglês. Para conseguir o papel, o ator teve de decorar suas falas foneticamente, o que resultou em um sotaque charmoso e bastante peculiar. No mais, usou e abusou do seu olhar fixo penetrante para compor o personagem. 

Quando retratou o início da trajetória de "Ed Wood" (Ed Wood / 1994) no cinema, o diretor Tim Burton mostrou, em paralelo, os últimos dias de um decadente Lugosi, que rendeu ao seu intérprete, o veterano Martin Landau, o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. No filme, via-se um Lugosi pobre, dependente de drogas e bastante agressivo quando ouvia falar do "Frankenstein" de Boris Karloff. Durante uma cena em que lutava com um polvo cenográfico, tomou uns goles de Whisky e admitiu que havia recusado o papel do monstro por opção pessoal.

Completamente esquecido, resolveu participar de filmes de qualidade duvidosa do diretor Ed Wood na esperança de retomar seus melhores dias no cinema. Costumava ligar para ele durante as madrugadas procurando ajuda depois de se drogar com morfina. Muitos garantem que este vício teve início durante a Primeira Guerra Mundial, quando Lugosi foi ferido gravemente durante uma batalha. 

Chegou a ser internado para superar o vício, mas teve de deixar a clínica por não contar com o auxílio doença do governo. Morreu logo após esse episódio e foi enterrado trajado de Drácula, por sugestão de uma de suas ex-esposas e de seu filho Béla Lugosi Jr.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Teorias...


Após ser agraciado com o Oscar, Frank Sinatra aceitou interpretar um assassino profissional em "O Meu Ofício é Matar" (Suddenly / 1954). Na época, o filme foi responsável pela quebra de um verdadeiro tabu, pois ilustrava o sentimento de medo dos americanos de que matassem seu presidente durante a guerra fria.

Reza a lenda que Lee Harvey Oswald teria se inspirado neste filme na véspera de matar o presidente John Kennedy. Quando Sinatra soube disso, fez tudo para proibir a circulação do filme. 

Tudo em vão. Com os anos a situação só piorou e o filme se proliferou. Os produtores se esqueceram de renovar o "copyright" e a obra passou a ser de domínio público. Qualquer pessoa poderia exibir ou produzir cópias da produção. Muitas das que circulam por aí são simplesmente piratas. 

Na estória, o presidente dos EUA resolve dar uma passada na cidadezinha de "Suddenly" antes de ir para uma fazenda. O forte esquema de segurança não consegue impedir que o atirador John Baron (Sinatra) invada um indefeso lar e coloque-se em posição de atentar contra o figurão. 

Um filme que vale ser visto, principalmente pela surpreendente atuação de Frank Sinatra.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Cabeça de cavalo


A Máfia teve papel fundamental na ascensão artística de Frank Sinatra. Logo no início de carreira, o astro recorreu à organização criminosa para se livrar das obrigações de um contrato bem amarrado com a orquestra de Tommy Dorsey, que lhe impedia de seguir em carreira solo. O primeiro "capo" do cantor, Willie Moretti, resolveu a situação depois de colocar uma pistola na boca do músico, que reincidiu o acordo por módico US$ 1.

Outra amizade no meio garantiu a Sinatra um papel importante em “A Um Passo da Eternidade” (From Here to Eternity / 1953). Na época, o cantor vivia um péssimo momento e as vendas dos seus discos despencavam. Seu desespero aumentou quando a produção do filme lhe recusou o personagem do soldado Angelo Maggio.

Sem outra alternativa, Sinatra buscou a ajuda do chefão Sam Gincana, que usou seu poder de persuasão para mudar o elenco da trama. Começou pelo ator Eli Wallach, que desistiu de interpretar Maggio para estrelar uma peça na Broadway. Depois, convenceu o diretor Fred Zinnemann a reconsiderar sobre Sinatra, que acabou faturando o Oscar de melhor ator coadjuvante. 

Esses dois episódios teriam inspirado o escritor Mario Puzo a criar o personagem de Johnny Fontane, o cantor protegido por mafiosos de “O Poderoso Chefão”. Logo no início do livro, Fontane recorreu à ajuda de Corleone após ser recusado pela banda de "Les Halley", o "Dorsey" da vida real. O "padrinho" mandou seus homens atrás do maestro e tudo foi resolvido com uma ameaça de morte.

Depois, em sua única participação significativa na trilogia, o cantor pede para que Don Vito Corleone lhe consiga um papel em Hollywood, se dizendo perseguido pelo produtor Jack Woltz. O chefão atende o pedido e envia seu consigliere, Tom Hagen, para a Califórnia, com o objetivo de negociar a participação de Fontane no filme. Após se recusar, Woltz acorda pela manhã seguinte com a cabeça decepada do seu valioso cavalo Khartum na cama.

Na vida real, Frank Sinatra seguiu obtendo facilidades em suas conexões com o submundo do crime, se tornando sócio de cassinos, boates e de outros estabelecimentos. Chegou a investir em Cuba, quando o regime de Fulgêncio Batista fazia vistas grossas às práticas das organizações criminosas, que almejavam transformar a ilha na maior central de jogos do mundo.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Fusca verde


Inicialmente, o Charger preto, com dois marginais, sai à caça do Mustang verde do detetive Frank Bullit. Depois, os papéis se invertem, na mais famosa cena de perseguição da história do cinema. 

O diretor de "Bullit", Peter Yates, abdicou, inclusive, do recurso do "chroma key" para dar mais realismo à cena, mesclando tomadas registradas nas ruas de São Francisco com imagens captadas de dentro dos carros.

Apesar de inovador, diversos erros de continuidade e a constante queda de ritmo impedem que o filme seja considerado um clássico do gênero policial. Até mesmo os mais desatentos conseguem notar, entre outros erros crassos, a presença insistente de um Fusca verde, que acaba ultrapassado 4 vezes na mesma ladeira.

Vale lembrar que o filme foi lançado em 1968, para ser visto no cinema e, depois de muitos anos, num simples aparelho de TV preto e branco. Como não existiam videos cassetes ou telas de led, possíveis gafes passavam batidas pelo público.

Seja como for, é um filme que merece ser apreciado. Graças ao enredo e a interpretação do próprio McQueen, no papel de Frank Bullit, e do elenco de apoio, que contava com Robert Vaugh, Jacqueline Bisset e Robert Duvall em início de carreira.

sábado, 1 de junho de 2013

Memórias de um galã

 


Poucos astros deram tanto de si próprios a seus papéis como Clark Gable. Diante de tanta dedicação, as maiores estrelas de sua época ansiavam por trabalhar em seus filmes. Por isso contracenou com atrizes do calibre de Claudette Colbert, Jean Harlow, Lana Turner, Vivien Leigh, Debora Kerr, Ava Gardner e Marilyn Monroe. Na vida pessoal, foram cinco casamentos e vários romances que fomentaram a imagem do galã vigoroso e durão.  

Longe dos holofotes, Gable cuidou de sua vida de forma minuciosa, cumprindo todas as solicitações da MGM, com quem tinha contrato. O departamento de publicidade do estúdio, inclusive, omitiu seu parentesco com alemães para lançar a ideia de que ele era descendente de holandeses e irlandeses, devido ao crescimento do nazismo na Europa. Em sua agenda de compromissos, sempre constavam eventos considerados viris, como caçadas e pescarias.

Apesar de tantos cuidados, um fato constrangedor ocorrido durante as filmagens de "E o Vento Levou" (Gone With the Wind / 1939) ganhou notoriedade na imprensa. Fontes ligadas à produção revelaram que Vivien Leigh detestava as cenas de beijo com Clark Gable por causa do mau hálito do ator. Reza a lenda que, além de fumar, Gable era bastante displicente com sua higiene bucal.  

Mas isso não maculou a imagem do galã, que, após a Segunda Guerra, foi promovido a major e recebeu condecorações importantes por êxitos em diferentes missões de combate. Ironicamente, ele era o ator preferido de Adolf Hitler, que chegou a oferecer uma recompensa por sua captura.

Aliás, Gable se alistou no exército como forma de homenagear a atriz Carole Lombard, sua segunda esposa, que faleceu em um acidente aéreo. Durante a Guerra, ela viajava com o objetivo de reunir fundos de auxílio às tropas norte americanas. Transtornado, o galã participou da tentativa de resgate e só se retirou do local da tragédia quando não haviam mais esperanças de encontrarem pessoas com vida. 


E sempre que citavam feitos como esse, armava seu largo sorriso característico para responder com falsa modéstia: "Se eu tivesse feito todas as coisas que me atribuem, precisaria ter sido tres homens. Mas a minha vida dá uma boa história. E eu sempre gostei de uma boa história".

Curiosamente, durante as gravações de seu último filme, "Os Desajustados" (The Misfits / 1961), Gable disse, em tom de brincadeira, que acabaria morrendo de infarto devido aos atrasos crônicos de Marilyn Monroe. O que se tornou um prato cheio para a mídia sensacionalista, que passou a culpá-la pela morte do ator, de ataque cardíaco, ocorrida em 1960

Atores que ficaram marcados por um só personagem: Mark Hamill


Mesmo contando com a ajuda da "força", Mark Hamill nunca se livrou da imagem de Luke Skywalker, seu personagem em Guerra nas Estrelas (Star Wars), de 1977. Após atuar na idolatrada obra de ficção científica, o ator não conseguiu outros papéis e optou em seguir carreira como dublador.

Durante os episódios IV e V, Hamill ficou desfigurado após sofrer um grave acidente de carro. Depois de algumas cirurgias plásticas, conseguiu recuperar-se parcialmente, já que as marcas ainda eram visíveis em "O Império Contra-Ataca". Para justificar essas mudanças, o diretor George Lucas incluiu uma cena no filme em que Luke Skywalker sofreu o ataque de um monstro no planeta Hoth.

No início desse ano, Hamill confirmou que elenco original do filme foi procurado para voltar ao novo filme da saga. Oficialmente apenas sabe-se que Star Wars: Episódio VII filme ainda está em fase inicial de produção e terá o enredo com referência ao universo expandido de Star Wars, onde os filhos de Luke, Han Solo e Leia protagonizam a história.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Uma estranha conexão

Dennis Wilson

Há alguns dias, falamos aqui no blog sobre o filme "Corrida sem Fim", que contou com a participação exclusiva de Dennis Wilson. Mais conhecido como fundador e baterista dos "Beach Boys", era o único da banda que realmente surfava. Foi ele, inclusive, que incentivou seu irmão, o vocalista Brian Wilson, a compor músicas sobre praias e garotas.

Mesmo sendo considerado o membro mais rebelde do grupo, Dennis era tido como o coração da banda, um artista bastante versátil, que também escrevia e ainda se aventurava entre o piano e os microfones nos shows. Durante uma festa, compôs com Billy Preston o clássico "You Are so Beautiful", eternizado na voz de Joe Cocker.

Sua carreira ficou marcada, no entanto, por uma estranha conexão com um assassino em série. Essa passagem teve início meio que por acaso, depois que Dennis deu carona para duas garotas desconhecidas. Após a sessão de gravação de um trabalho, que se encerrou as 3 da madrugada, ficou surpreso ao reencontrá-las no interior de sua residência, acompanhadas de um homem barbudo e uma dezena de pessoas.

Tratava-se da "Família Manson" e seu líder, um lunático chamado Charles Manson. O baterista chegou a se afeiçoar ao grupo, e ainda tentou ajudar na carreira artística de Manson, lhe apresentando a pessoas importantes do ramo fonográfico. Ainda convenceu seus parceiros do Beach Boys a gravarem uma das composições de Manson no álbum "20/20", o que maculou para sempre a imagem da banda.

Ele não sabia que estava diante de um bárbaro e psicopata, que entraria para a história como um dos maiores assassinos em série dos Estados Unidos. Filho indesejado de uma prostituta, Manson passou a infância e a adolescência morando em bordéis com sua mãe. E depois que ela foi presa por assalto a mão armada, morou uns tempos com um tio, que o vestia de menina.

Não demorou e o adolescente problemático entrou para o mundo do crime, praticando roubos, estupros de homossexuais e fraudes de diversos tipos. Depois de cumprir pena, se mudou para São Francisco durante os anos 1960, onde se deu início ao culto à sua imagem.

Formada em sua maioria por mulheres, a "Família Manson" se estabeleceu em uma fazenda, onde passou a ser preparada por seu mentor para uma "batalha". Completamente fora de si, Manson acreditava ter ouvido na música "Helter Skelter", dos Beatles, profecias apocalípticas de uma guerra racial. 

As coisas fugiram completamente do controle em 1969, quando dois de seus seguidores assassinam um produtor de discos. Em seguida, o próprio Manson, acompanhado de um grupo de neuróticos, invadiu a casa do cineasta polonês Roman Polanski, onde se iniciaria a "tal" batalha.

A atriz Sharon Tate, mulher do cineasta, grávida de oito meses, pagou com a própria vida. Mais tarde, um casal também foi assassinado. Foram cinco assassinatos num mesmo dia. Manson e mais dez de seus fiéis foram responsabilizados e condenados à prisão perpétua pelas mortes. 

Quando os crimes aconteceram, Dennis já não tinha qualquer relação com os bandidos. Ele havia rompido com o grupo antes das ondas de assassinatos, sem sequer brigar pela posse de sua casa.

Vale lembrar que o baterista se suicidou aos 39 anos, em 1982, afogado nas águas de Marina Del Rey, local onde ficava atracado o seu barco, que funcionava também como residência. Wilson passava por uma forte crise de depressão, sem conseguir superar seus problemas financeiros e amorosos. 

Anos mais tarde, Manson mostrou sua amargura com o músico durante uma entrevista na prisão  "Dennis Wilson foi assassinado pela minha sombra, porque ele tomou a minha música e não me pagou. Além disso, mudou a letra da minha canção".

Após encontrado, as autoridades devolveram o corpo de Dennis Wilson ao mar, que ele tanto amava, atendendo um pedido da família.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Um morto muito louco

Assim como Charles Chaplin, o ator Elmer Grandin, que atuou no cinema da década de 20 e morreu em 1933, também teve seu cadáver furtado. Dois adolescentes profanaram o morto e o levaram para uma festa vestido de Darth Vader. Eles foram denunciados à policia por um professor, que ouviu a conversa dos dois durante a aula. A polícia seguiu as pistas e encontrou os restos mortais despejados numa estrada.

O corpo foi devolvido a sua tumba em um cemitério de Nova York no mesmo dia.

O mistério do roubo do corpo de Charles Chaplin

Keystone/Getty Images

Ator, diretor, produtor, humorista, empresário, escritor, comediante, dançarino, roteirista e músico. São múltiplas as facetas de Charles Chaplin, um dos personagens mais famosos da era do cinema mudo, notabilizado por utilizar com genialidade os recursos de mimicas e expressão corporal.

Já um habitué desse espaço, Chaplin esteve envolvido em diversas situações bastante peculiares. Inclusive depois de sua morte, quando, em março de 1979, teve seu corpo roubado do pequeno cemitério de Corsier Sur Vevey, localizado a 20 quilômetros de Lausanne, na Suíça.

Segundo a polícia, o caixão foi retirado por desconhecidos na calada da noite e levado por uma caminhonete, que deixou marcas perto do túmulo. A tumba nunca tinha sido submetida a uma vigilância  pois o cemitério era de difícil acesso e dificilmente se transformaria em um local de peregrinação.

O caixão de carvalho, de quase 150 quilos, foi recuperado dois meses e meio depois em um milharal localizado no extremo oriental do lago Genebra, próximo de onde Chaplin passou os últimos 25 anos de sua vida. A polícia prendeu dois mecânicos acusados do crime: um polonês e um búlgaro, cujas identidades são desconhecidas.

Eles foram presos depois de ligarem para a família exigindo um resgate em troca da devolução dos restos do ator, sem imaginarem que a polícia controlava as chamadas. Durante as investigações foram descartadas ainda uma série de telefonemas anônimos contendo pistas falsas. 

Nos meios de comunicação, surgiram inúmeras teorias para tentar explicar o ocorrido. Uma delas dizia que o corpo de Chaplin tinha sido roubado por um grupo de fanáticos, que pretendia enterrá-lo na Inglaterra, terra natal do comediante. Outra dizia que os ladroes se opunham ao sepultamento do ator em um cemitério cristão, tendo este nascido judeu. Mas os investigadores logo desmentiram essa hipótese.

O corpo foi sepultado novamente na mesma cova da qual tinha sido roubado, mas com um tumulo mais seguro para impedir um novo sequestro. A viúva Oona O'Neill, já falecida, ordenou na época a construção de um túmulo bem solido, com um tampão de concreto de 1,80 metro de espessura.